domingo, 20 de dezembro de 2009

Prévia de natal


Papai do céu, você que me protege
e sabe tanto do meu coração
clareia os meus caminhos
pra que eu não me perca nesse mundo de ilusão.
Eu vejo, papai do céu
a tua presença claramente
nos olhos daqueles que choram
nas pernas, nos braços e nos dentes
na humildade de quem tem tão pouco
e é mais feliz que a gente.
Eu sinto tua luz divina
permeando todo o meu corpo
a certeza que felicidade existe
e é preciso tão pouco.
Que minha vida seja preenchida
por essa certeza até o fim
da tua palavra mais certa:
"Quando fazeis a um pequenino, estais fazendo a mim"

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Do lado de dentro


Eu não abro mão de sonhar, nem de executar, até porque pensamento sem ação é energia morta. Todo mundo tem algum ou alguns momentos de energia morta porque viver...é difícil. Viver nesse mundo é delicado, falta tanto ideal, falta tanta compaixão, falta tanta humildade, gentileza, enquanto sobra tanto lixo. Por dentro, por fora, lixo. As vezes eu me vejo sendo consumida cada dia um pouquinho mais, por esse mundo fedorento. Aí eu tento, tento, tento desesperadamente me salvar, mas eu nado, nado, nado e me afogo na lama. As mãos que me levantam, são aquelas que me lembram através do exemplo, o que eu quero ser, o que eu devo ser. Devo ser... tão fácil ser desviada de tudo, das metas, dos sonhos, dos ideais, do certo.
Cada dia eu tenho mais certeza de que meu mundo não é esse, assim como tenho mais certeza que me corrompo e pertenço a ele. O que é mais difícil que lutar contra si mesma? Todas as pressões externas e internas causam uma erupção sem sentido, fortemente sentida. Muito delicado ser delicado. Trocadilhos tolos. Enquanto isso a vida vai passando pela gente e a gente nem viu, porque tava na eterna e incessante busca por algo que nunca vai saciar, porque ambição é uma progressão geométrica. E são sempre tantas necessidades não é? A felicidade vai dependendo de mais coisas e ficando sempre distante, porque o que se pode palpar, não completa, o que se pode ter não satisfaz, porque a gente merece mais, sempre merece, não sei porquê... Uma hora, inevitavelmente o sentido das coisas é revelado e a gente conhece o outro lado de tudo o que era convicção e verdade inabalável. Tenho medo e tenho ânsia.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Um pouco mais de cor!


Hoje deu vontade de escrever coisas bem lindas, pra se acaso alguém passar por aqui e ler, se sentir um pouco mais feliz! Vamos lá:

Sorvete, lápis de cor, massinha de modelar, chocolate, chuva, edredom, , arco-íris, picolé, pantufa, presente, chiclete, almofada, algodão-doce, calça larga, giz de cera, fotografia, jujuba, bebê, férias, pula-pula, chinelo de dedo, poesia, jelly bananinha, mar, março, refrigerante, beijinho, abraço, arrepio, maçã do amor, computador, comédia romântica, bola de sabão, mpb, saúde, surpresa, pijama, leite condensado, biscoito krokitos, cachorro, amigo, namorado, mais beijinho, colo, tinta guache, shampoo cheiroso, dia de sol, silêncio, livro, seriado, msn, parabéns, cartinha, interior, mãe, pé de manga, camarão, jardim, moeda no bolso, primavera, aventura, sorriso, balão, amor, sonho, papai do céu.

domingo, 22 de novembro de 2009

Sustentação


Vertebra por vertebra, se rompe uma coluna. A sensação é de tetraplegia, impotência, falta de sentido no que há de vir... Temos que acreditar na fisioterapia.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O anjo mais velho


"O dia mente a cor da noite
E o diamante a cor dos olhos
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente"

Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
Enchendo a minh'alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar

Tua palavra, tua história
Tua verdade fazendo escola
E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar

Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só

Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Até que as cores a separem!


Assim a primeira vista não há quem olhe e perceba diferenças, é tudo coincidência, plano divino, sei lá, mas é muito igual pra ser acaso: duas casinhas que nasceram pra ser vizinhas, fato consumado. Percebe-se. Elas tem a mesma altura, os telhados até se encontram em uma linha perfeita, sem contar que o amarelo que falta em uma, sobra na outra, elas nasceram pra ser assim conjugadas! As janelas são verdes, as janelas de ambas são! isso impressiona. Ambas tem um mesmo estilo, provavelmente planejadas pelo mesmo arquiteto, na mesma época, são semelhanças demais para serem ignoradas. Elas precisam estar juntas, é claro! Elas não teriam essa beleza tão completa, separadas! As pequenas diferenças nem davam pra ser notadas, a não ser que uma era amarela e a outra vermelha, claro. Mas aí se você analisar muito, coisa que só é possível com o tempo, você começa a achar que uma é vermelha demais, a outra também é amarelo forte, dois extremos que se chocam, tão perto assim. Tipo um precipício onde quem tá em cima fica tonto se olhar demais pra quem tá em baixo. É possível perceber que a necessidade de ar que uma tem é totalmente oposta a outra, a vermelha tem as janelas entreabertas, talvez seja pra não ofender a amarela tão fechadinha, talvez ela quisesse abrir mais e fazer o ar circular. Você nota também que a casa vermelha tem uma janela a mais e essa janela antes despercebida, começa a fazer toda a diferença, afinal janela que é janela precisa estar aberta pro mundo e deixar que ele entre. E com todas essas contrariedades, pequenas aos olhos de quem vê, dá uma vontade desesperada de pintar as duas de uma cor só, quem sabe misturar as duas cores e deixar o meio termo o laranja, mas o laranja não agrada a nenhuma das duas, aí vai crescendo, vai aumentado, vai, VAI...! Aí quando vê foi. Que pena, elas são lindas e perfeitas, cada uma a seu modo, talvez a culpa seja das cores primárias, que são primárias demais para funcionarem agora... De qualquer forma eu ainda acredito nas casinhas, .

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Pra aliviar um coração


O amor não tem pernas, não tem cheiro, não tem jeito, não pode ser personificado. O amor não é externo, ele começa em mim e termina.. não, ele não tem fim. Ele as vezes quer desaguar em alguém, em alguma coisa, isso parece tão egoísta, tanto amor assim, ser limitado, dedicado, restrito. Tanto amor assim, em mim, de mim para qualquer coisa que não seja eu, isso não é feliz. E esse amor assim tão virgulado, com tanto cuidado, querendo ser cuidado, querendo ser unido, querendo ser somado, querendo ser vivido. Enquanto isso vai vivendo e vai matando, vai sendo respirado e vai sufocando, guardando, guardando. Vai estonteando, vai inutilizando, vai transbordando e afogando, ele vai afogando. Ele que precisa toda hora se instalar, tomar conta de tudo, ele que precisa gritar, dar a volta ao mundo, ser estridente. Quanto amor, pra tão pouco coração, pra tão pouca gente, quanto tanto, quanto exagero, quanto perdição, quanto freio, tanta contenção. Em vão...

Sinal dos tempos


É preciso fazer uma canção
um trato, uma entrega, uma doação
é preciso a chuva escura, a noite
a solidão.

É preciso tudo agora,
um dissabor uma vitória uma confissão
a voz de um instrumento e a tua mão
que nos faça acordar...
Sim, meias palavras não bastam
é preciso acordar!

É preciso mergulhar mais que mil pés
onde Netuno traça o rumo das marés
é preciso acertar a direção dos pés
quando os velhos caminhos se esgotam
os tempos não voltam
não voltam...

É preciso alcançar outra estação
mesmo com sono, mesmo cansado
solto como um cão
é preciso o sol e a rua a tarde
a multidão.

É preciso Atravessar lá fora
um corredor, um rio da história, uma revolução
o caos de uma palavra nova, um sim e um não
que nos faça acordar...
Sim, meias palavras não bastam
É preciso acordar!
(Antonio Villeroy)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Janela de minh´alma


Eu tenho uma janela e dela eu não vejo nada lá fora e tudo por dentro. De dia eu olhava pra ela logo cedinho, dois ou três passarinhos bicavam o vidro, como se quisessem me avisar que o dia estava tão bonito. Eu via também meu avô passando no bequinho e ele tinha uma malinha cheia de ouro, e eu via ele banhar anel por anel e talhar pedrinhas coloridas, depois fazia um cigarro de fumo, me dava 5 reais e eu me sentia a mais rica do mundo. E lá tinha um cofre, verde e bem secreto, até hoje não sei se ele guardava algo, eu ficava imaginando quanto tinha a mais que o meu porquinho, se tinha mais de 5 reais, se tinha moedas de ouro... E tinha atrás do bequinho, uma caixa d´água tão alta, que eu precisava subir na outra caixa d´água, e eu sempre torcia pra tampa ceder e eu cair e nadar junto com os peixinhos (segundo minha vó lá tinha muitos). E de tão alta a caixa, quando eu subia me sentia no meu país.

E da janela eu ouvia o barulho do carro de som da igreja, e me dava uma tensão, podia ser algum evento da paróquia, ou a morte de alguém...Eu nunca vou esquecer do dia que ele gritou a minha dor pra cidade toda ouvir. A sala tinha cadeiras vermelhas e tinha uma radiola que tocava Roberto Carlos cantando músicas felizes, mas hoje são todas tristes. E o jardim? a coisa mais linda do mundo, cheio de rosas e caramujos, tinha tarde que eu catava a maioria deles. Tinha a minha rede, tinha "o meu programa", tinha sapoti, tinha uva preta, tinha minha vó-vida, tinha 30 coleguinhas e tinha toda a minha vontade de ficar ali por mais de 2 meses. Olhar por essa janela, é me olhar por dentro e as vezes a gente esquece quem é lá no fundo, sorte que eu tenho uma janela pra me lembrar disso.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A bailarina gorda


Como toda bailarina ela sonhava com mil saltos mortais
Os dedos do destino a desenharam gorda demais
Cada volta ou pirueta era um desastre, eram risadas gerais
E os olhos do menino que ela amava a amavam magra demais.

Cada bola de sorvete é tanta culpa, era remorso demais
E o mais lindo vestido tá guardado: gorda demais!
Cada abraço, um arrepio, ai, por um fio ele me apalpa por trás
E sente a carne mole, frouxa, coxa, gorda demais
Como toda bailarina ela sonhava com mil saltos mortais.


(Oswaldo Montenegro)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O público segredo da felicidade


É quase sempre assim, a felicidade é confundida com a liberdade, como se todo mundo tivesse consciência de si mesmo, como se todo mundo fosse capaz de escolher o caminho mais limpo, como se toda escolha viesse com certificado de garantia, como se ser livre fosse a resolução de todos os embates da vida. A maioria dos resultados pra "imagens de felicidade" no google, mostram alguém vestido com roupas simples, com os pés fora do chão, braços abertos, em paisagens naturais, na maioria das vezes sozinho, como se o atual conceito de felicidade fosse simplicidade, natureza e solidão. Eu acho engraçado.


Mais engraçado ainda é que todo mundo que se diz feliz, faz questão de gritar bem alto, de forma até arrogante e prepotente. Em quantos lugares aqui na internet já não li a seguinte frase: "Não tenho tempo para mais nada, ser feliz me consome muito". Isso me parece mais auto-promoção, do que realmente felicidade extravasada. Até porque na maioria das vezes, essas frases de marketing pessoal, são mais pra exibição, pra atingir outras pessoas (o mais interessante é que funciona, o egoísmo humano se incomoda com a felicidade alheia).


Voltando a célebre frase de Clarice Lispector, que é cuspida por tantas bocas por aí, eu particularmente não concordo nem um tantinho com essa afirmativa e olhe que sinto na pele tantas coisas que Clarice fala, sou até meio tiete, mas com isso eu não concordo. Essa propagação exagerada de felicidade, parece até meio triste, porque alguém que realmente esteja tendo seu tempo consumido por ela, não tem tempo de publicar isso em todos os cantos do mundo. E também, imagina só como deve ser triste alguém que não tem tempo pra ser triste, como faz quando tem vontade de chorar? se contem? pessoas contidas não são felizes completamente, ou essas pessoas estão tentando dizer que nunca sentem vontade de chorar? Todo mundo sente. Uns pouquinho, outros...


Que tipo de felicidade seria essa, que ocupa alguém exclusivamente consigo mesmo? a felicidade deve ser muito egoísta mesmo, pra não deixar tempo pra que o feliz divida isso com os outros. A pergunta melhor seria: que tipo de pessoa é essa, que se sente suficiente no mundo e não se disponibiliza pra contribuir com as necessidades dos não tão felizes assim? como se a gente viesse pra cá pra terra, só pra ser feliz, pronto. Se fosse assim, não viveriamos em sociedade, seríamos todos "pequenos príncipes" cada qual em seu planeta. Pra mim, essa felicidade é triste.


São felicidades pequenininhas que potencializam uma maior, pra mim é: receber um torpedo do bébs no meio da aula, pegar Rio Doce cdu e ter cadeira vaga, achar um real no bolso quando paro bem na frente da barraquinha, ter chiclete de melancia na bolsa, a bateria do MP3 durar o dia todo, Thalia esquentar meu jantar, ... Esse tipo de coisa é bem subjetiva, não tem significado pra mais ninguém nesse mundo. Cada um tem seu tantinho de felicidade diária. Já a felicidade maior, essa precisa primordialmente de gente. E acho que aqui nesse mundo ela nem é possível, basta você prestar atenção ao que tá acontecendo lá fora, que fica claro o porquê disso. Só é possível experimentar da felicidade entrando em contato, a sensação não é a daquela felicidade televisiva e convencional, o sentimento é bem maior.


E já que meu poder de síntese é zero(percebe-se pela extensão do texto) vou deixar que Tom Jobim resuma isso numa frase bem simples: é impossível ser feliz sozinho.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um parzinho de oportunidades

Eu e as sapatilhas vermelhas, nunca nos entendemos muito bem. Quando eu as experimentei pela primeira vez, foi paixão, certeza e disso eu sei porque o sentimento era vermelho como elas e modesta parte de cores e de sentimentos eu entendo muito bem. Foi tão intenso que eu mau experimentei e não dei a menor importância pro plástico duro, que esquenta, faz calo e dá chulé, tudo isso porque ela brilhava demais aos meus olhos.

Esse sentimento todo não durou nem 2 horas de uso, era insuportável, feria meu pé e a vontade que eu tinha era de jogar elas pela janela. Mas eu fiz melhor que isso, fui troca-las, podia ser culpa do plástico, do tamanho, da cor, sei lá...havia de ter uma solução! Não teve mais volta, eu já tinha usado, as sapatilhas já eram minhas, não dava pra repassar assim, pra outro pé, elas já me pertenciam. Eu tinha 2 opções, ama-las ou queima-las, mas que aperto que dava no coração, imaginar elas derretendo seu plástico tão brilhante e tão sorrindo pra mim e tão dizendo: me calça, me calça! Tão reluzente e mágica por fora e tão desconfortável e fedorenta por dentro, como tantas outras coisas que eu já tinha visto na vida. Todas essas coisas são testes e eu não ia ser vencida por uma sapatilha...ou por um par delas...Eu já tinha ouvido falar que com o passar do tempo, ela se adaptaria ao meu pé, aí ela era tão linda e parecia valer tão a pena que eu resolvi tentar.

Foram pequenos apertos diários, alguns calos e outras cositas mais, até que meus pés se acostumaram...Pra poder desfrutar do melhor dela, eu tive que aprender a conviver com os danos, com a desagradável sensação de que ela não me servia, o engraçado é que o número era exatamente 37 e cada um deve calçar o número que lhe cabe. Talvez meus sapatinhos vermelhos, rentes ao chão, fossem exatamente o que eu precisava no momento, combinavam com a maioria das minhas roupas, com todas as ocasiões e eu não ia ignora-los porque me feriram algumas vezes. Quantas coisas já não me feriram algumas vezes? Eu me arrependo de não ter insistido em todas, como um par de sapatilhas, afinal, quem sou eu pra não poder ter um calinho e sara tão rápido, que nem vale a pena descartar. Nem sapatilha, nem gente é descartável. (só alguns copinhos)

Agora, pra não deixar a impressão de que as sapatilhas vermelhas só me fizeram mal e que eu sou a pessoa mais boazinha do mundo por aguenta-las por tanto tempo, eu quero salientar em letras maiúsculas que ostentam mais e como toda coisa maiúscula chama mais atenção: HOJE EM DIA ELAS CALÇAM LINDO. E o bom que como tenho os pés feios, eles passam despercebidos, bem cobertinhos e vermelhos. Por isso por experiência própria eu digo: sapatilha apertada é só uma questão de tempo!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Jogo do contente


É tão difícil vivenciar a teoria na prática, difícil e necessário. Você pode planejar seus atos, pode se fortificar pra possíveis situações difíceis, mas só vivenciando é que se sabe até onde se é capaz de suportar. E não há nada que não se possa suportar... Isso porque existe uma força maior que sabe exatamente quantos quilos cada ombro é capaz de carregar. Não significa que a trajetória seja fácil, mas que existem forças e de todas essas forças que vem do alto, do lado de fora a mais certa é a que vem de dentro. Todas as respostas, todas as forças estão guardadas, por dentro para potencializar a resistência, sempre que solicitada. E na maioria das vezes é preciso fazer silencio para ouvi-las, o barulho da dor é muito alto eu sei, mas é preciso silenciar. Equilibrar.
É mais cômodo se acovardar, é mais fácil ouvir o medo ao inves da verdade e a verdade é: tudo aqui é provisório. A mesma chuva que vem e lava as cores, também serve pra irrigar e fertilizar o terreno, pra que cores novas e mais fortes se espalhem. A felicidade não seria percebida como felicidade se não houvesse a tristeza, por isso nada é um estado constante. É preciso solidificar o edifício, pra que ele permaneça inabalável, durante os terremotos corriqueiros.
Minha me disse hoje que tudo sempre dá certo, porque mesmo que aos nossos olhos pareça errado, cosmicamente está tudo planejado para o bem. E quem sou pra duvidar da minha ? quem sou eu pra duvidar do bem? Eu vou acatar o meu destino, mas mostrando pra ele que eu sou mais forte do que ele pensa, porque quando a gente mostra pra dificuldade que não vai ser tão fácil assim como ela pensa, ela desiste de nos perseguir. E são com essas cores que eu vou pintar a minha vida, por hora cinza, verde musgo, mas prestes a receber um lindo tom de lilás.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Fim do livre acesso


Não importa o quanto você tente acertar, você sempre vai estar errado pra alguém. Não existe um senso comum no que diz respeito a justiça e é impossível corresponder a justiça individual de todo mundo que atravessa sua vida. Mas de todos os erros, não são as faltas que causam maiores danos, são os excessos. Quando você peca por baixar tanto a guarda, por dar tanto espaço, fazer tanto pelo outro, doar-se a ponto dessa doação parecer obrigação aos olhos de quem tem o costume de receber.
Pra mim é muito incômodo incomodar, eu prefiro mil vezes sofrer o dano, do que ser responsável por ele... E é triste viver assim comedida, tentando satisfazer aos anseios de cada um que se mostra meio importante. A consciência é um instrumento estranho, algumas parecem avessas à realidade, parecem nunca gritar, mesmo quando o erro é gritante. A minha deve ter muita inveja disso, já que ela não consegue ficar calada e busca até encontrar um motivo mínimo que possa ser causa de desagrados. Sofro de excesso de acessibilidade, em detrimento de mim mesma faço pelas pessoas, busco, mesmo em troca nada recebendo . Mas todo nada é nada e em algum momento precisa-se de alguma coisa.
Já tive mil lições de que (sem eufemismo) ser besta, é prejudicial pra ambas as partes. Talvez seja a hora de aprender a seguir o meu caminho sem dar carona à ninguém, afinal quem realmente importa estará me acompanhando. Uma hora o semáforo tem que ficar vermelho.

sábado, 30 de maio de 2009

Para uma menina com uma flor



Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino, o que, aliás, você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado.
E porque você é uma menina com uma flor e chorou na estação de Roma porque nossas malas seguiram sozinhas para Paris e você ficou morrendo de pena delas partindo assim no meio de todas aquelas malas estrangeiras.


E porque você sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano, e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar. E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido. E porque você tem um rosto que está sempre um nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, parecendo uma santa moderna, e anda lento, e fala em 33 rotações mas sem ficar chata. E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der uma paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo.


E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta, e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca. E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta e não concorda porque ele é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho. E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara-na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando. E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata, eu lhe peço que me sagre seu Constante e Fiel Cavalheiro.


E sendo você uma menina com uma flor, eu lhe peço também que nunca mais me deixe sozinho, como nesse último mês em Paris; fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena; é um vazio tão grande que as mulheres nem ousam me amar porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê. E porque você é a única menina com uma flor que eu conheço, eu escrevi uma canção tão bonita para você, "Minha namorada", a fim de que, quando eu morrer, você, se por acaso não morrer também, fique deitadinha abraçada com Nounouse cantando sem voz aquele pedaço que eu digo que você tem de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.


E já que você é uma menina com uma flor e eu estou vendo você subir agora - tão purinha entre as marias-sem-vergonha - a ladeira que traz ao nosso chalé, aqui nessas montanhas recortadas pela mão de Guignard; e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa.


E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos - eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfrentando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações - porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor.
(Vinicius de Moraes)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Mando notícias


Tenho que tomar o máximo de cuidado pra minha vida não ser um eterno devaneio. Acho que certas coisas acontecem pra me lembrar onde estou, já que na maioria das vezes estou no etéreo.
O exagero é uma constante, ou desço ao inferno ou subo aos céus. Mas a terra é uma mistura de tudo isso. Hoje por exemplo, é um dia dúbio, duas datas de importâncias adversas e extremas.

Mas como eu tenho um céu, prefiro evadir na direção dele. Enquanto eu puder achar que ele existe, mesmo que só eu o enxergue, mesmo que ele não passe de mera ilusão de ótica, eu vou por esse caminho. A vida fica mais fácil e mais bonita, vivendo menos e sonhando mais. Tenho consciência dos perigos de estar no alto, mas prefiro ficar por aqui.

Por favor me deixe onde estou.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ode às cores...de quem sabe ter!


Eu vejo. Vejo a efemeridade da vida, das pessoas, das relações e apesar de tudo isso, vejo gente perdendo vida o tempo todo. Vida não se perde morrendo, se perde ainda vivo, quando você desperdiça a oportunidade diária de ser agradável com aqueles que te cercam. Não gosto de pessoas contamináveis, coléricas, que se apegam a qualquer detalhe típico da terra, pra destilar suas infámias em quem atravessar o seu caminho. Tudo isso porque se acha intocável.
Talvez seja falta de entrar em contato, por que quem tem a oportunidade de ser tocado com o interior do outro, que se exterioriza através da boca, dos olhos, das mãos... é capaz de compreender muita coisa que geralmente não se compreende por aqui. As vezes eu falo como se não fosse desse mundo, acho que sou um et do planeta da sensibilidade e sinto falta dos meus. É só isso.

terça-feira, 28 de abril de 2009

É preciso esvaziar o balde


O elevador quebrou. Essa metáfora da minha vida até se materializou aqui no meu prédio. E eu tentando criar coragem pra começar a subir sozinha. Tenho dificuldades em ser sozinha, em não "poder contar", talvez seja essa minha maior prova, não usar as pessoas como muletas, aprender a me levantar por mim mesma e caminhar, assim como todo mundo faz. No momento, estou tentando livrar minha cabeça do meu coração, ou meu coração da minha cabeça, a ordem não importa. Estou tentando lembrar que a terra não é o céu e que se eu quiser chegar até lá, preciso ser mais do que estou sendo, preciso aceitar os desígnios de Deus com naturalidade, sem aflições, sem desespero. Sendo que meu desespero não é desesperado, é estático, fico inerte. Sinto-me a espera de apenas mais uma gota para desabar. Uma gota que não é de maneira alguma definitiva na minha vida, mas é definitiva no momento que estou vivendo.

Juro, estou me esforçando, vou continuar tentando me livrar de mim mesma. Mas é que toda vez que eu tento ser positiva, eu levo uma rasteira que vem na mesma intensidade do meu otimismo momentâneo, parece um teste. Parece triste. é.

Preciso colocar em prática tudo que eu aprendi, preciso corresponder ás pessoas que se esforçam tanto pra que eu não desmonte, preciso ser de aço e não de água, e não de lágrima. Vou achar a superfície.

sábado, 25 de abril de 2009

Uma estrela chega ao céu


São raras as estrelas da terra que também conseguem brilhar no céu. O brilho nesse caso é duplo, não só pelo merecido reconhecimento por ser um comentarista brilhante, um radialista brilhante, um escritor brilhante, um poeta brilhante, mas principalmente uma pessoa brilhante. Eu só tenho a agradecer a Deus, por ter me permitido receber um pouco dessa luz, que virou referência, um farol profissional que me guiava nos meus frequentes maremotos sobre presente e futuro. Não é de se estranhar que ele tenha partido, Deus quer ao lado os bons de alma e ele sabia como ser, tanto sabia que não precisava muito pra sentir isso, bastava ler uma de suas poesias com tanto sentimento, com tanto dele, com tanta sutileza, com tanto.

As palavras estão me faltando, estão me faltando muitas coisas no momento, inclusive a figura do maior incentivador que eu já tive, durante esse meu pequeno percurso. O que está sobrando, além de uma sensação estranha de perda de referencial e sentimento estravazado, é o orgulho que eu tenho de poder ter tido como meu exemplo Andreson Falcão. Como eu sei que o corpo volta a natureza, assim como o espírito volta ao reino dos céus, ele continuará sendo o meu referencial e em cada desafio profissional que eu tiver na minha vida, em cada oportunidade que me for concedida, eu vou lembrar das palavras daquele que me deu a primeira chance de todas(mesmo eu não sendo ninguém, mesmo até eu não estando pronta pra agarrar aquilo que ele tentou me dar). Para sempre suas doces palavras de incentivo estarão nítidas em minha lembrança e eu farei de tudo para fazer jus ao potencial que ele dizia ver em mim, que ele mais do que ninguém tanto me incentivou a desenvolver.

Que essa tristeza que eu sentindo, seja rapidamente substituída pelo sentimento de satisfação, por ter a certeza de que do lado que ele está, sem dúvidas ele poderá fazer mais em prol do amor, o mesmo amor que ele tratava em seus versos, o mesmo amor que atravessava seus olhares o mesmo amor com qual, eu retribuo toda atenção que ele deu aos meus estágios instáveis, aos meus projetos inconcretos, a minha falta de fluência nas palavras toda vez que eu estava ao lado da sua "grande" pessoa.

Obrigada por ser meu "mais importante" ouvinte, obrigado por ser meu "mais importante" leitor de blog, obrigada por dizer tanto de mim em versos tão sinceros, obrigada por ser a figura que eu levarei por toda minha vida como exemplo, meu primeiro referencial, por ilustrar com o próprio exemplo o que é bom humor, espontaneidade e amor pelo que se faz. Minhas orações, meu sentimento saudoso e toda gratidão é pouca, pelo significado tão singular que teve em minha vida.

Que brilhe muito mais aí do céu como toda verdadeira estrela faz.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Considerações de uma pessimista


Talvez o título esteja desconexo com o corpo do texto e com a imagem, mas não está desconexo de mim. Sim, eu desacredito, eu me subestimo, eu sou pessimista e eu prefiro esperar pelo pior. Mas como toda regra tem sua exceção, ultimamente tenho sofrido uma explosão interna de otimismo e esperança. A definição certa não seria "sofrido", ao contrário disso, um contrário bem contrariado, porque eu mesma tenho medo de ser só expectativas.

O que eu tô descobrindo com esse surto de positividade é que de vez em quando, faz bem ter o coração recheado de fé. Quem acredita não morre de véspera(como eu costumo fazer), quem acredita se decepciona sim, mas como tem a certeza que dias melhores virão, esse tempo de recuperação é limitado...coisa que não acontece com os pessimistas. Agora, diferente de todas as vezes, estou procurando a música mais eufórica da minha playlist, estou mentalizando que eu sou capaz e tô até cantando: " I believe i can flyyyy, i believe i can touch the skyy"...

Eu aprendi e agora estou tentando colocar em prática, que a vida é mais ou menos o que se planta em pensamento. Pensamento é energia, é força motriz, é agente ativo na construção do destino. E sabe do que mais... no fundo, no fundo, eu nem sou toda pessimismo, uso só uma máscara de proteção, já que eu sempre tento e se eu tento é porque a esperança está escondida em algum lugar do meu incosciente. Sou pessimista que se move, que busca, que tem pressa, ou seja, mais cedo ou mais tarde seria inevitável, eu seria saborosamente"corrompida"pelo otimismo.

Cantem, vibrem, gritem, acreditem, item por item...item por item.

sábado, 11 de abril de 2009

L´amour


Le Petit prince, Voltaire, Edith Piaf, tout en mon couer.
Le fabuleux destin d´amelie poulain, Van Gogh, La tour eiffel.
Carla Bruni, Brigitte Bardot, Sofia Loren, Audrey Hepburn.
La nouvelle vague, Allan Kardec, le louvre, Rousseau.
Rodin, Amelie Veille, couer de pirate, Toulouse - lautrec.
Colher, abajour, des amour, baton, menage a troi, la gréve.
Madelaine, Bavcar, petit gateau, perfume, Etienne, français.(L)

Je ne pas besoin aller a France, j´ai la France dans moi.

domingo, 29 de março de 2009

Que abuso!




Eu tinha escrito um texto sobre abuso, mas me deu abuso e eu apaguei. Acho a capacidade de se abusar um presente maravilhoso, pra quem gosta de trocar a fita. Muitas vezes o comodismo não te deixa escutar músicas melhores e você se mantem na mesma limitação, achando que o que tem a seu dispor é o que há de melhor no mundo. Não sei se falei que não conheço muito do mundo, mas eu acho que deve existir infinitas possibilidades que vão superando umas as outras. Chegue ao topo! Não pare no terceiro degrau porque você já acha o bastante alto, suba.

Tem uma parte nisso tudo que talvez não seja tão boa, o abusinho involuntário. Sabe quando alguém não te fez nenhum mal e você se cansa só de olhar pra pessoa? Esse é o abusinho natural. Eu sou a rainha do abusinho natural, diariamente me abuso de pessoas, de músicas, de comida, de filmes, talvez quem sabe eu até abuse dessa cor, ou desse blog. Isso não deve ser uma qualidade, já que é oposta a paciência, mas eu não tenho paciência para os pacientes(me abuso mesmo)

Eu ia falar que também é comum abusar-se do passado, mas não. É uma via dupla, de extremos: ou você tem abuso ou você idealiza. Eu tenho a impressão que eu consigo discernir bem essa questão. Sei o que foram experiências bizarras e desnecessárias e quais me acrescentaram. Acho que não são só as experiências que te acrescentam, mas as pessoas. Pessoas burras costumam ser um atraso, enquanto as inteligentes, por mais que estejam distantes do topo, te deixam sempre uma impressão legal. E eu falo de inteligência em todos os sentidos, inclusive de inteligência sensível (isso eu inventei e não vou me aprofundar em explicar meus devaneios).

O abuso também pode vir por um desgaste de imagem, por exemplo esse texto, ele faz tantos arrudeios, fala tanto nada que abusa. Pronto, me abusei.







segunda-feira, 23 de março de 2009

Lilás




Era uma vez um olhar que ardia em sonho
E suspirava um tempo de verdades e delicadeza
Um tempo de beleza e poesia...

Era uma vez um sorriso cheio de cores
Azul, Lilás, Paixão...
Como se a lua nascesse em seus abraços de reencontro...
Era uma vez uma voz que brincava no ninho
Enquanto desenhava uma estrada com canções
Uma estrada de singeleza e simpatia

Era uma vez um coração de mulher
Transcendendo almas e silêncios
Transbordando contos e flores...

(Andreson Falcão)

terça-feira, 17 de março de 2009

Conto tonto


Uma garota desconcertada costumava achar que o mundo era desconcertante. Ela planejava palavras, sorrisos, ela planejava fazer bonito com as pessoas, pra não demonstrar o desconforto que era ser quem ela é. Mas o mundo meu amigo, o mundo é muito mais que uma garota desconcertada, ele deve ter sido criado pra ser terreno de cobaia; mas de cobaia no mundo ela só conhecia ela mesma. Tudo bem, alguém tão desconcertada quanto ela não poderia conhecer bem as coisas, as pessoas, afinal de contas tudo era muito intimidante. Olhares, palavras tudo destruía instantaneamente o que ela havia ensaiado. Ela não sabia viver sem ensaiar e tudo dava sempre errado, porque nada era previsível. Então ela passou a dedicar seu tempo ao estudo das possibilidades.

Ela falava, ela ouvia, ela via, mas não entendia e também não sabia se a ineficiência partia dos órgãos ou da cabeça. Não, com certeza não era dos órgãos porque tinha um em especial, que ela achava que o dela era imbátivel: a pele. A cobertura do seu corpo não servia só pra proteger o que ela tinha por dentro, era um receptor atento do coração. Acho que ela tinha muita pele...

Apesar de conhecer todas as palavras, ela tinha uma dificuldade imensa com perguntas, porque ela nunca tinha as respostas, ela era a resposta... do desengonço humano. A falta de jeito não se restringia às pessoas, faltava jeito com animal, objeto, palavras, pensamentos, faltava jeito pra tudo. Talvez a incomunicabilidade fosse a solução ideal pra ela, mas é uma questão delicada limitar ainda mais alguém tão limitado. E outra: como é que alguém que sente tanto viveria trancado em si mesmo, explodindo dentro da própria pele?

Então, durante o seu estudo sobre possibilidades, enquanto ela tentava construir a razão pela qual ela não havia sido construída como os demais, ela se deu conta que o problema não era o que ela era, mas o que ela queria ser. Desconcertante, apenas um dia, porque o cansaço do papel da desconcertada já tomava metade da sua alma. Uma vez ela me contou do orgulho que sentiu por ter dado uma resposta imediata e ter feito pessoas rirem (e olhe que a resposta tinha apenas três sílabas.)

Então, eu falei pra ela que tudo era uma questão do exercício da auto-estima, que ela não precisava ser mais do que era pra bastar ao mundo (ela precisava acreditar em alguma coisa). Tomara que acreditando, ela faça o mundo acreditar nisso. Tomara...

segunda-feira, 9 de março de 2009

É culpa da chuva


Hoje eu queria falar meu mundo de coisas, tudo está borbulhando tanto que eu vou falar sobre várias coisas que no final, não serão nada. Como sempre o nada anulando o tudo em minha vida. Eu nunca tinha parado pra pensar no quanto pode ser chato tudo que eu derramo por aqui, no quão desinteressante é eu fazer disso uma extensão do meu coração, que só interessa a mim mesma. Ouvi algo essa semana que soou bonitinho e trágico "poxa, sempre entro no teu blog e não tem nenhum comentário, fico triste por isso, me dá até vontade de criar muitos fakes e comentar muito pra você". Na hora exata foi inevitável não rir, até porque minha pretensão é realmente através daqui, aliviar o tanto de coisa que tenho por dentro, mas fez com que eu me desse conta do porquê de muitas coisas.

Qual a razão de eu tornar pública coisas tão restritas ao meu único e exclusivo interesse? Acho que estou sentindo falta de ter um diário, tive por 7 anos, relatos diários de tudo que eu vivi . Daí fiz uma espécie de substituição por esse blog, criando mais uma coisa inútil na lixeira desse mundo virtual. Acho que é porque eu tenho um mundo virtual, sempre tive, é do meu signo essa necessidade de escapismo. Ou é só minha, não entendo muito de pessoas, nem do mundo, nem de nada.

As vezes eu olho e não sei onde eu , nem o que eu fazendo, nem o porquê, não sou nada que quero, nem nada do que querem, que triste. Acho que é tudo culpa da música que ouvindo agora (intermission - coeur de pirate). Ou talvez seja culpa da chuva, sempre a culpo pela minha tristeza, só que dessa vez não está chovendo, pelo menos lá fora.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O futuro a mim pertence


O que escolher? Eu sempre fui tantas coisas e nada. Eu nunca tive talento o suficiente pra ser uma única coisa, daí eu compensava esse fato tentando ser várias. Assim eu não tinha tempo o bastante pra me dedicar a uma só e distribuindo pedacinhos de mim, acabava que eu não precisava ser cobrada por nenhuma delas, afinal, nada ali era a minha vida, era o que eu queria ser. Ou era? Eu queria ser tudo, eu queria ter no gatilho várias balas doces, metralhar todas as direções que me apontassem horizontes viáveis (na verdade sempre escolhi os horizontes menos viáveis).

O que sempre influenciou todas as minhas escolhas, que foram muitas e todas elas até o presente momento não deram em nada, era o que me enchia os olhos, hoje eu sei que tudo que me enche os olhos não me enche o bolso. Fato. Talvez não tenham nem sido as minhas escolhas, mas a falta de talento pra elas. Falando menos de futuro e mais de presente, na minha última crise profissio-existencial eu parei e pensei "Que raios de rumo é esse que eu seguindo?!". Daí eu fui pensar em como eu gostaria de estar agora:
"eu podia ter feito teatro, eu brincava de interpretar tão bem e essa brincadeira me fazia tão feliz...Ou ainda mais, eu podia ter feito letras, podia estar a caminho de escrever o meu" bestseller", eu seria a escritora anônima mais realizada desse mundo. Eu podia ser professora de literatura, falar de Clarice Lispector e Cecília Meireles com a mesma intimidade que Rita Rafael me falava. "

De qualquer forma minha escolha atual foi uma tentativa de aglutinar todas as minhas alternativas anteriores, tudo que me tocava os sentidos: palavra, som e imagem. Televisão. Que rima com idealização, que rima com manipulação, que rima com decepção, que rima com paixão, que rima com contradição. É um fascínio decepcionante o que eu tenho, que não me deixa pensar racionalmente, livre de todo deslumbre que a palavra me causa.

Acho que essas linhas estão me deixando mais tonta do que fico quando penso na palavra que mais me dá medo na vida, futuro. É fácil acreditar na máxima "o futuro a Deus pertence" mas é cômodo demais pra mim. Acho que a resposta á isso vem quando o próprio Deus me mostra mil caminhos e deixa a escolha por minha conta. É pra isso que serve o livre arbítrio, é pra isso que serve a capacidade de pensar, que diga-se de passagem me atrapalha mais do que ajuda, já que eu penso mais do que deveria. Acho que eu posso escolher quem eu serei, mas enquanto isso não acontece, eu quero só poder olhar pra frente e me enxergar feliz, ao lado das pessoas que amo. Esse é o clichê mais confortante quando se trata do desconhecido. E deixa que quando eu crescer...(detalhe, já cresci) eu serei algo, espero.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Só restam os ais!


Ai carnaval, se eu não soubesse que te teria todos os anos, não te deixaria passar por mim. Passa bonito deixando em mim um orgulho besta, uma pernambucanidade que só quem nasce aqui e escuta Alceu Valença no marco zero é capaz de entender. Pode me chamar de provinciana, territorialista, ufanista... qualquer dessas denominações não diminuem a efusividade que o Carnaval me causa, nada que eu já não sentia antes, é só que o Carnaval faz ferver a água morna guardada durante todo o ano.

Existe nome mais apropriado pra o último dia de Carnaval? Depois de todo o queimor da única época do ano em que é aplaudido ser de carne e osso, só restam mesmo as cinzas. Cinzas e saudade. Saudade que eu tenho de ver gente junta, cantando com força sua identidade, seu ritmo, sua cultura, que por falar nisso é a única coisa capaz de lembrar ás pessoas, de que elas não são tão diferentes quanto imaginam. Eu gosto dessa euforia que unifica, que faz gente ser somente gente e nem um título a mais.

Em Fevereiro meu coração é tambor pulsante, tem cor de sombrinha de frevo e é do tamanho do homem da meia noite. Em Fevereiro eu sou de Olinda, de Recife, eu me vejo na música, na dança, me vejo em todo mundo que cruza as ladeiras cantando alto e dando continuidade a minha tradição. É Carnaval, é frevo, é Pernambuco, é cultura entrando por todos os poros, é gente, é tudo meu.

Ai que orgulho.


domingo, 1 de fevereiro de 2009

O segredo da beleza


Para ter lábios atraentes, diga palavras doces; para ter olhos belos, procure ver o lado bom das pessoas; para ter um corpo esguio, divida sua comida com os famintos; para ter cabelos bonitos, deixe uma criança passar seus dedos por eles pelo menos uma vez por dia; para ter boa postura, caminhe com a certeza de que nunca andará sozinho; pessoas, muito mais que coisas, devem ser restauradas, revividas, resgatadas e redimidas;lembre-se que, se alguma vez precisar de uma mão amiga, você a encontrará no final do seu braço. Ao ficarmos mais velhos, descobrimos porque temos duas mãos, uma para ajudar a nós mesmos, a outra para ajudar o próximo; a beleza de uma mulher não está nas roupas que ela veste, nem no corpo que ela carrega, ou na forma como penteia o cabelo. A beleza de uma mulher deve ser vista nos seus olhos, porque esta é a porta para seu coração, o lugar onde o amor reside.

(Audrey Hepburn)



domingo, 25 de janeiro de 2009


Efemeridade. Gostosa, dolorosa e paradoxa.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009


A felicidade é como a pluma que o vento vai levando pelo ar
voa tão leve, mas tem a vida breve
precisa que haja vento sem parar.

(Vinícius de Moraes)

domingo, 4 de janeiro de 2009

Seja


Esteja certo de quem você é porque essa é a certeza mais importante que você pode ter na vida. O resto são detalhes que nem sempre obedecem a sua vontade, roda, se renova no ciclo da vida. Mas você permanece; seus anseios, seu caráter, sua conduta, sua consciência é tudo o que resta no seu mundo. Por falar em mundo, o egoísmo do mundo particular é algo difícil de ser superado, pelo menos por mim.
Tento viver em conjunto, dividir a "minha" vida e acabo não sendo detentora dela, dôo, dôo demais. Doar tanto ao ponto de não se sentir mais dona de nada é lindo na teoria mas é grave na prática. Pessoas que se doam geralmente acabam sem nada, ou com tudo guardado, pelo trauma de ser sempre o doador, raramente o receptor. Esse é o ônus do excesso de emoção e da falta de razão.
Mas sabe... de qualquer forma eu prefiro ser emoção, vou continuar me espelhando em mim mesma até que um dia eu não precise mais usar o espelho, até o fim, afinal essa é a coisa mais importante que eu posso ser, eu mesma. Não posso garantir nada que terei só o que serei.