segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um parzinho de oportunidades

Eu e as sapatilhas vermelhas, nunca nos entendemos muito bem. Quando eu as experimentei pela primeira vez, foi paixão, certeza e disso eu sei porque o sentimento era vermelho como elas e modesta parte de cores e de sentimentos eu entendo muito bem. Foi tão intenso que eu mau experimentei e não dei a menor importância pro plástico duro, que esquenta, faz calo e dá chulé, tudo isso porque ela brilhava demais aos meus olhos.

Esse sentimento todo não durou nem 2 horas de uso, era insuportável, feria meu pé e a vontade que eu tinha era de jogar elas pela janela. Mas eu fiz melhor que isso, fui troca-las, podia ser culpa do plástico, do tamanho, da cor, sei lá...havia de ter uma solução! Não teve mais volta, eu já tinha usado, as sapatilhas já eram minhas, não dava pra repassar assim, pra outro pé, elas já me pertenciam. Eu tinha 2 opções, ama-las ou queima-las, mas que aperto que dava no coração, imaginar elas derretendo seu plástico tão brilhante e tão sorrindo pra mim e tão dizendo: me calça, me calça! Tão reluzente e mágica por fora e tão desconfortável e fedorenta por dentro, como tantas outras coisas que eu já tinha visto na vida. Todas essas coisas são testes e eu não ia ser vencida por uma sapatilha...ou por um par delas...Eu já tinha ouvido falar que com o passar do tempo, ela se adaptaria ao meu pé, aí ela era tão linda e parecia valer tão a pena que eu resolvi tentar.

Foram pequenos apertos diários, alguns calos e outras cositas mais, até que meus pés se acostumaram...Pra poder desfrutar do melhor dela, eu tive que aprender a conviver com os danos, com a desagradável sensação de que ela não me servia, o engraçado é que o número era exatamente 37 e cada um deve calçar o número que lhe cabe. Talvez meus sapatinhos vermelhos, rentes ao chão, fossem exatamente o que eu precisava no momento, combinavam com a maioria das minhas roupas, com todas as ocasiões e eu não ia ignora-los porque me feriram algumas vezes. Quantas coisas já não me feriram algumas vezes? Eu me arrependo de não ter insistido em todas, como um par de sapatilhas, afinal, quem sou eu pra não poder ter um calinho e sara tão rápido, que nem vale a pena descartar. Nem sapatilha, nem gente é descartável. (só alguns copinhos)

Agora, pra não deixar a impressão de que as sapatilhas vermelhas só me fizeram mal e que eu sou a pessoa mais boazinha do mundo por aguenta-las por tanto tempo, eu quero salientar em letras maiúsculas que ostentam mais e como toda coisa maiúscula chama mais atenção: HOJE EM DIA ELAS CALÇAM LINDO. E o bom que como tenho os pés feios, eles passam despercebidos, bem cobertinhos e vermelhos. Por isso por experiência própria eu digo: sapatilha apertada é só uma questão de tempo!