domingo, 29 de março de 2009

Que abuso!




Eu tinha escrito um texto sobre abuso, mas me deu abuso e eu apaguei. Acho a capacidade de se abusar um presente maravilhoso, pra quem gosta de trocar a fita. Muitas vezes o comodismo não te deixa escutar músicas melhores e você se mantem na mesma limitação, achando que o que tem a seu dispor é o que há de melhor no mundo. Não sei se falei que não conheço muito do mundo, mas eu acho que deve existir infinitas possibilidades que vão superando umas as outras. Chegue ao topo! Não pare no terceiro degrau porque você já acha o bastante alto, suba.

Tem uma parte nisso tudo que talvez não seja tão boa, o abusinho involuntário. Sabe quando alguém não te fez nenhum mal e você se cansa só de olhar pra pessoa? Esse é o abusinho natural. Eu sou a rainha do abusinho natural, diariamente me abuso de pessoas, de músicas, de comida, de filmes, talvez quem sabe eu até abuse dessa cor, ou desse blog. Isso não deve ser uma qualidade, já que é oposta a paciência, mas eu não tenho paciência para os pacientes(me abuso mesmo)

Eu ia falar que também é comum abusar-se do passado, mas não. É uma via dupla, de extremos: ou você tem abuso ou você idealiza. Eu tenho a impressão que eu consigo discernir bem essa questão. Sei o que foram experiências bizarras e desnecessárias e quais me acrescentaram. Acho que não são só as experiências que te acrescentam, mas as pessoas. Pessoas burras costumam ser um atraso, enquanto as inteligentes, por mais que estejam distantes do topo, te deixam sempre uma impressão legal. E eu falo de inteligência em todos os sentidos, inclusive de inteligência sensível (isso eu inventei e não vou me aprofundar em explicar meus devaneios).

O abuso também pode vir por um desgaste de imagem, por exemplo esse texto, ele faz tantos arrudeios, fala tanto nada que abusa. Pronto, me abusei.







segunda-feira, 23 de março de 2009

Lilás




Era uma vez um olhar que ardia em sonho
E suspirava um tempo de verdades e delicadeza
Um tempo de beleza e poesia...

Era uma vez um sorriso cheio de cores
Azul, Lilás, Paixão...
Como se a lua nascesse em seus abraços de reencontro...
Era uma vez uma voz que brincava no ninho
Enquanto desenhava uma estrada com canções
Uma estrada de singeleza e simpatia

Era uma vez um coração de mulher
Transcendendo almas e silêncios
Transbordando contos e flores...

(Andreson Falcão)

terça-feira, 17 de março de 2009

Conto tonto


Uma garota desconcertada costumava achar que o mundo era desconcertante. Ela planejava palavras, sorrisos, ela planejava fazer bonito com as pessoas, pra não demonstrar o desconforto que era ser quem ela é. Mas o mundo meu amigo, o mundo é muito mais que uma garota desconcertada, ele deve ter sido criado pra ser terreno de cobaia; mas de cobaia no mundo ela só conhecia ela mesma. Tudo bem, alguém tão desconcertada quanto ela não poderia conhecer bem as coisas, as pessoas, afinal de contas tudo era muito intimidante. Olhares, palavras tudo destruía instantaneamente o que ela havia ensaiado. Ela não sabia viver sem ensaiar e tudo dava sempre errado, porque nada era previsível. Então ela passou a dedicar seu tempo ao estudo das possibilidades.

Ela falava, ela ouvia, ela via, mas não entendia e também não sabia se a ineficiência partia dos órgãos ou da cabeça. Não, com certeza não era dos órgãos porque tinha um em especial, que ela achava que o dela era imbátivel: a pele. A cobertura do seu corpo não servia só pra proteger o que ela tinha por dentro, era um receptor atento do coração. Acho que ela tinha muita pele...

Apesar de conhecer todas as palavras, ela tinha uma dificuldade imensa com perguntas, porque ela nunca tinha as respostas, ela era a resposta... do desengonço humano. A falta de jeito não se restringia às pessoas, faltava jeito com animal, objeto, palavras, pensamentos, faltava jeito pra tudo. Talvez a incomunicabilidade fosse a solução ideal pra ela, mas é uma questão delicada limitar ainda mais alguém tão limitado. E outra: como é que alguém que sente tanto viveria trancado em si mesmo, explodindo dentro da própria pele?

Então, durante o seu estudo sobre possibilidades, enquanto ela tentava construir a razão pela qual ela não havia sido construída como os demais, ela se deu conta que o problema não era o que ela era, mas o que ela queria ser. Desconcertante, apenas um dia, porque o cansaço do papel da desconcertada já tomava metade da sua alma. Uma vez ela me contou do orgulho que sentiu por ter dado uma resposta imediata e ter feito pessoas rirem (e olhe que a resposta tinha apenas três sílabas.)

Então, eu falei pra ela que tudo era uma questão do exercício da auto-estima, que ela não precisava ser mais do que era pra bastar ao mundo (ela precisava acreditar em alguma coisa). Tomara que acreditando, ela faça o mundo acreditar nisso. Tomara...

segunda-feira, 9 de março de 2009

É culpa da chuva


Hoje eu queria falar meu mundo de coisas, tudo está borbulhando tanto que eu vou falar sobre várias coisas que no final, não serão nada. Como sempre o nada anulando o tudo em minha vida. Eu nunca tinha parado pra pensar no quanto pode ser chato tudo que eu derramo por aqui, no quão desinteressante é eu fazer disso uma extensão do meu coração, que só interessa a mim mesma. Ouvi algo essa semana que soou bonitinho e trágico "poxa, sempre entro no teu blog e não tem nenhum comentário, fico triste por isso, me dá até vontade de criar muitos fakes e comentar muito pra você". Na hora exata foi inevitável não rir, até porque minha pretensão é realmente através daqui, aliviar o tanto de coisa que tenho por dentro, mas fez com que eu me desse conta do porquê de muitas coisas.

Qual a razão de eu tornar pública coisas tão restritas ao meu único e exclusivo interesse? Acho que estou sentindo falta de ter um diário, tive por 7 anos, relatos diários de tudo que eu vivi . Daí fiz uma espécie de substituição por esse blog, criando mais uma coisa inútil na lixeira desse mundo virtual. Acho que é porque eu tenho um mundo virtual, sempre tive, é do meu signo essa necessidade de escapismo. Ou é só minha, não entendo muito de pessoas, nem do mundo, nem de nada.

As vezes eu olho e não sei onde eu , nem o que eu fazendo, nem o porquê, não sou nada que quero, nem nada do que querem, que triste. Acho que é tudo culpa da música que ouvindo agora (intermission - coeur de pirate). Ou talvez seja culpa da chuva, sempre a culpo pela minha tristeza, só que dessa vez não está chovendo, pelo menos lá fora.