quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Coisa de quem sente


Estou aqui. Antes de tudo porque é preciso liberar umas borboletas que vivem presas ao meu estômago, elas precisam descobrir que é melhor viver aqui fora (ou não). É um artifício quase eficiente, vomitar umas coisas por aqui e depois ir limpa, deitar a cabeça no travesseiro ao som desconfortável dos pensamentos corrosivos, ácidos que vão destruindo lentamente meu estômago. Por tantas vezes eu me pego vivendo no planeta de algodão doce que eu criei pra mim, pra que eu possa fugir quando tiver azedo, frio, apertado ou solto demais. Eu prefiro ficar lá sozinha, acreditando nas fantasias mais improváveis, do que estar aqui, onde eu estou agora, do lado de cá. Aqui é tudo muito difícil, o ritmo acelerado me deixa tonta, baixa a minha pressão, baixa a minha estima, há 22 anos sofro de problemas de adaptação ao ambiente, a terra (acabo de descobrir porque tô sempre adoecendo).


Parece que a culpa é minha, de insistir em ter fé nas coisas e nas pessoas, mas isso tá errado, sabia? Pelo menos eu acredito que se deve acreditar...Eu acredito tanto, tanto, que me canso de vez em quando. É tão perigoso acreditar, sou cobaia constante disso. Perigosamente confortante, uma esperança profunda que nasce naturalmente de dentro do peito e quando eu me dou conta imundou minha alma. Não quero nexo pra nada disso aqui, quero apenas aliviar um cérebro sobrecarregado com essa pressão assassina das coisas do mundo adulto, o qual eu essencialmente nunca pertencerei, apesar de sempre ter pertencido. Contraditório. Mas esse sapatos gigantes que vem vez por outra esmagar sua força de vontade e deixar sua atitude apática, sua vida morna, ou então ferve tudo de uma vez até entrar em ebulição. Parece que tudo é ruim, frio, morno, quente... melhor evaporar e sumir. Tudo de ruim, evaporar e sumir, simples e prático.


Pronto, agora que coloquei tudo aqui no liquidificador, a gororoba tá mexida e pronta pra ir pro lixo, onde tudo que não serve deve estar. E eu continuo me recusando a me adaptar.


Um comentário:

Binha disse...

Esse negócio da gororoba é muito verdade né? A minha ta acumulada faz um tempo e não consigo botar pra fora.

Mas, sinceramente, com certas pessoas que tenho do meu lado, essa gororoba muitas vezes vira suco de tangerina. Delícia.

Se quiser, tenho umas tangerinas aqui na bolsa...