terça-feira, 18 de maio de 2010

Pelos póros


Eu sou tudo que eu não esqueci, eu sou construída todos os dias, como um fio de gente que vai se tecendo, até formar um vestido que talvez nunca fique pronto. Eu sou eu com medo do escuro, como quem se delicia e se entrega, como uma criança que descobre o mundo, a cada minuto. Agora já é outro mundo; Eu que não sei andar de bicicleta, nem cozinhar e nem ser feliz sozinha e nem infeliz. Nada sozinha. Eu que sou impulso e também sou fraqueza, que sou duas faces diferentes, na mesma cabeça... Eu que sou a melhor do mundo em intensificar, em falar de mim, quando eu ainda me conhecendo. E sem um monte dessas coisas tolas e minhas, sem até minhas marquinhas de catapora e meu desengonço pra coisas banais, talvez eu fosse melhor ou pior, mas a certeza é que eu não seria. Eu sou um desastre, sou sempre tropeços em sua busca incansável pelo equilíbrio, que fugiu de moto quando eu ainda nem sabia o que era viver. Viver em uma terceira dimensão correndo pelos corredores estreitos do mundo, sempre atrasada, sempre com pressa, sempre apertada e sem muita luz no fim do túnel. Quer dizer quando eu fecho os olhos eu geralmente vejo, mas ela some quando eu abro. Vai ver eu deveria buscar ela dentro, que é um caminho mais seguro. Ou não. E assim como eu que sigo um ritmo acelerado, crescente, dramático, que pára repentinamente, sem razão aparente, esse texto também pára por aqui.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Que venha, lave e leve.


Eu sou uma entrega, uma entrega sem fim.
Eu me dou inteira pro mundo, pra chuva, pra felicidade
só não me dou inteira pra mim.

Sou uma entusiasta desmedida,
faço uma força danada pra girar a roda da vida,
e parece em vão...
não?

Como se encontra uma medida que não te limite?
uma medida é sempre um muro
é um embate... Cadê o ar?
faz um furo
pra respirar
menos carbono
e mais ar puro.


E como se vive sempre sufocada?
Como se faz pra continuar subindo
em vez de descer a escada?
É sempre, é muito, é tudo, é fim.
uma extremação ridiculamente insana
Uma tragédia greco-romana...

Sou eu, do lado de dentro, do mundo extranho
do extranho mundo de dentro do peito
que rasga diariamente e se reconstrói diariamente
que grita, que chora e que mente
e depois sorri, assim.